Quem por estes dias chega a Sintra,
para lá da névoa ou do skyline da serra polvilhada de castelos de imediato se
depara com a nuvem de vendedores de tours, tuk tuks, bicicletas, carros
eléctricos, e tudo o mais, num frenesim mais próprio dum kasbah do que duma
cidade europeia património da Humanidade.
Sem colocar em questão que a prestação
desse tipo de serviços é necessária, e tem mercado, razão do número crescente
de oferta que lota a zona fronteira à estação da CP, alguma ordem há que por na
prestação de tais serviços, visando a qualidade, uma prática concorrencial
disciplinada e a satisfação do visitante, sobretudo.
Se antes, no tempo do Eça, era a parafernália de
burriqueiros disputando levar os veraneantes para o Lawrence ou o Hotel Bragança, hoje
são já dezenas as pequenas máquinas coloridas e ruidosas que trespassam a
placidez da Vila Velha, por entre hordas de turistas apeados, autocarros de
turismo e lojas em busca do excursionista em trânsito que em poucas horas quer
ver os palácios, o Cabo da Roca ou a serra. Porque não criar um ponto fixo onde
os mesmos, devidamente identificados possam colocar as suas bancas e prestar
tal serviço (no estacionamento ao lado da antiga cadeia comarcã, por exemplo). E
já agora, para quando a colocação de sanitários públicos no exterior da estação,
libertando os cafés da zona dos turistas que apenas entram para se aliviar e
sem nada consumir?
Já nem se fala da péssima qualidade
das carreiras da Scotturb, motivada pela falta de concorrência, das carreiras
403 e 434, sobretudo, as que mais fazem trajectos turísticos. Ou não saem a
horas, esperando encher e transportar os passageiros para uma hora e mais de
viagem levados como gado, com máquina fotográfica e selfie stick, ou, não raras vezes,
saltam horários identificados no local quando sabem não haver certeza de encher
o veículo (ao fim de semana é mais frequente, pois os comboios a partir de
Lisboa são menos frequentes).
É sabido que este tipo de serviços é
muitas vezes feito de forma informal, não obstante haver bons profissionais e
jovens empreendedores entre os que em tempos de crise aproveitam a galinha dos
ovos de ouro de Sintra. Mas, por favor, não matem a galinha por excesso de
milho. Há que definir pontos referenciáveis para localizar as partidas das
tours, verificar as condições laborais e legais de muitos dos que ali se
plantam desde manhã cedo, e potenciar o surgimento de mais qualidade. Para que
uma visita a Sintra seja a memória dum canto do paraíso e não um caos
generalizado entre castelos.
Acresce a endémica falta de
estacionamentos, as filas intermináveis que chegado Abril ou Maio de novo
afunilarão o Centro Histórico, e a necessidade de, uma vez por todas, olhar para
a floresta e não só para algumas árvores. Água mole em pedra dura...
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