“As portas que Abril abriu ninguém as há-de fechar!"- gritou numa madrugada de
Abril José Carlos Ary dos Santos, o bardo da Hora da Liberdade, quando o futuro
era possível e os amanhãs sorriam. Como vão longe esses dias em que a Esperança
foi profecia sonhada a caminho dum mundo novo de irmãos, unidos na luta pela
justiça e por um país para todos. Os anos passaram, o país está de novo
enfezado, triste e sem esperança, e sem Arys que cantem com raiva redobrada que
há portas para voltar a abrir.
Longe vai o tempo em que juntos
gritámos, de sangue na guelra, pelas causas generosas, razoavelmente exigindo
os impossíveis, pois só salvando o mundo nos poderíamos salvar. Salvou-se a
memória, o orgulho de ter tentado e a certeza de nunca ter desistido. Atrás de
tempo, tempo vem, trinta anos sem Ary, e hoje, como ontem, o tempo ainda é
feito de mudança.
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