Passam hoje 20 anos que foi inaugurada a Casa de Teatro de Sintra, pequena mas emblemática sede dum
projeto cultural que recua aos anos oitenta e à incontornável figura de João
Melo Alvim.
Passando pelo teatro CIDRA,
nascido na Escola Secundária de Santa Maria, em 1981, com “Amor de curtição”,
a direcção da Sociedade União Sintrense, onde igualmente apresentou
espectáculos (“Um Pedido de Casamento “ de Tchekov, ou “O
Último Acto” de Camilo Castelo Branco, em 1985) e a criação do Chão de
Oliva, em Julho de 1987, que incluiu o Teatro da Meia-Lua (representante de
Portugal num festival de teatro amador no Mónaco, em Julho de 1988) e a Escola
de Iniciação ao Teatro, João Melo Alvim foi pioneiro e farol dum projeto
cultural felizmente vivo e na estrada.
Quem viveu em Sintra nesses
anos iniciais, recordará o pouco teatro que então se fazia, e a pedrada no
charco que foram peças como “Comunidade” de Luís Pacheco no Casino, ou
as levadas à cena no antigo Carlos Manuel depois de Fevereiro de 1991 ( “Maçãs
do Mar” “Grande trabalho é viver” “O Falatório de Ruzante” “A Fé nos Amores” “A
Birra do Morto”,"O Mistério da Estrada de Sintra", "O Auto da
Índia", "Não se paga! Não se paga!" e muitas outras,
onde em várias pontificou a malograda Maria João Fontaínhas, ou actores como
Alfredo Brissos.
Dotada de uma casa em
permanência, inaugurada em 15 de Outubro de 1999, (foto acima) a Casa de Teatro
de Sintra sedimentou a marca Chão de Oliva , que se estendeu a outras
vertentes, como o teatro de marionetas ou os alojamentos de companhias
visitantes, sempre em ligação com outros actores e grupos de teatro que
entretanto foram surgindo, como o Utopia Teatro, os Tapafuros, a Casa das Cenas
ou o teatromosca, continuando João Alvim a ser presença de referência, fosse na
cena teatral, fosse colaborando com a imprensa local, nomeadamente no Jornal de
Sintra.
O antigo cinema Tivoli,
inaugurado em 18 de Fevereiro de 1928, hoje sede do Chão de Oliva, na R. Veiga
da Cunha, em Sintra, abriu como cinema num sábado de Carnaval, e foi, anos mais
tarde e durante muito tempo, utilizado como armazém e carpintaria. Da
utilização inicial restaram alguns pormenores, como o “lettering” na
fachada, mas o estado de degradação tornou premente uma intervenção com vista à
recuperação e reutilização para fins culturais. Como Casa de Teatro de Sintra,
desde 1999, este espaço veio preencher uma lacuna no que diz respeito à
inexistência de locais vocacionados para actividades culturais em Sintra.Carece
porém de obras, facto não quero deixar
de salientar, para hoje com continuação
assegurada no Nuno Pinto e companhia, possa a marca Chão de Oliva continuar a ser sinónimo de bom teatro
e a elevar e manter viva a actividade cultural de Sintra.
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