domingo, 13 de agosto de 2023

Ratos na Noite

 


Em nome duma designada arte urbana ou expressão da liberdade, as nossas cidades, vilas e ruas pejam-se de paredes vandalizadas, não por qualquer expressão plástica (que também há) mas pelo mero prazer de deixar marca, de raiva, sobretudo, como o cão que escolhe a árvore para urinar, delimitando um território. Sem desprimor para alguns artistas que com a sua peculiar forma de expressão fazem eles também Cidade, sobram depois os writers de tags incompreensíveis e de mau gosto estético a comprovar que a polis que os não proíbe ou combate eficazmente está prisioneira destes predadores noturnos, ratos rebeldes sem causa que nos vêm lembrar a fragilidade da nossa segurança- quem grafita também pode roubar, a via aberta é a mesma- e como é inglório querer habitar cidades harmoniosas, limpas, de todos e para todos.

O fenómeno é generalizado, até em Espanha o constatei recentemente. Não há muro, parede, paragem de autocarro ou sinal de trânsito que escape, e mal um prédio é pintado ou arranjado, poucos dias depois lá está a assinatura dum qualquer Zorro atuando na calada da noite. Estaremos condenados a cidades sujas, ao património de cada um desrespeitado, e à cacofonia decadente do abandono e relaxe?

E não, não me venham falar em liberdade e inclusão, porque essa também existe, e dela há bons exemplos. É tudo laxismo das autoridades, indiferença da população e afirmação cobarde de quem não tem nada para dizer.


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