quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Morrer depois de já ter morrido



Morreu José Lopes, dizem as redes sociais, ator que o meio abandonou, e viveria de forma precária numa tenda, algures no concelho de Sintra. Confesso que nunca ouvi falar dele, nem recordo nenhuma peça, filme ou novela em que tenha entrado. Mas de tantos "amigos" indignados, nas redes sociais, vituperando a sociedade pela falta de auxílio, não haveria um só que lhe pudesse ter valido, encaminhado ou apoiado? Tanto "amigo" e já só morto há dois dias se deu por ele? Tantos amigos que tinha afinal, e contudo...

Hoje a amizade e a compaixão são só nas redes sociais, ao alcançe dum like ou emoji, mais para que outros leiam e vejam que assentes na vida vivida e de sentimentos reais. Logo já outro assunto dominará a rede, e o falecido regressará ao silêncio para onde há muito já estava desterrado. Alguns terão sido amigos de verdade, admito, sem conhecer, mas ninguém que se assuma como amigo pode deixar de se interrogar, se no Inverno duma sociedade de foguetório não há já uma vela de esperança que, tendo podido ajudar José Lopes (n)os tivesse igualmente ajudado a salvar.

Sem comentários:

Enviar um comentário