terça-feira, 7 de maio de 2019

Santa Evita


Há precisamente 100 anos nascia Eva Perón, mulher da vida com uma vida excecional, Santa para os descamisados num período de turbulência política na Argentina. A sua meteórica ascensão ao casar com Juan Domingo Perón, general e presidente, o seu papel de ícone popular hoje ampliado por obras literárias e artísticas, fizeram dela uma pop star e figura emblemática dum certo caudilhismo sul americano. A par de figuras como Luther King, Fidel Castro ou Che Guevara, Eva- ou Evita, como ficou popularizada- encarnou o culto providencial dos salvadores, como mais recentemente foi seguido por Hugo Chavez. Todos eles, embora de matriz ideológica diversa, misturaram uma proveniência popular com um providencialismo a roçar a santidade, daí a sua veneração por alguns segmentos da população anos depois da sua morte, ela própria parte do mito, seja por ter sido precoce, seja por ter sido de perto acompanhada pelos seus seguidores.
Evita encarnou um populismo precoce nos anos quarenta e cinquenta, talvez por, tal como nas novelas, ter nascido pobre e chegado aos corredores do poder, o que sempre inculcou nas massas o fascínio de a origem não ser travão para certos contos de fadas, apimentado com drama, conspiração, paixões e traições.
Ao morrer, Evita nasceu para a eternidade Santa Evita, uma Passionária sem armas e provavelmente sem causas, mas uma palpitante história de veneração popular que ainda hoje a Argentina chora.


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