Há precisamente 100 anos nascia Eva
Perón, mulher da vida com uma vida excecional, Santa para os descamisados num
período de turbulência política na Argentina. A sua meteórica ascensão ao casar
com Juan Domingo Perón, general e presidente, o seu papel de ícone popular hoje
ampliado por obras literárias e artísticas, fizeram dela uma pop star e figura
emblemática dum certo caudilhismo sul americano. A par de figuras como Luther
King, Fidel Castro ou Che Guevara, Eva- ou Evita, como ficou popularizada-
encarnou o culto providencial dos salvadores, como mais recentemente foi
seguido por Hugo Chavez. Todos eles, embora de matriz ideológica diversa,
misturaram uma proveniência popular com um providencialismo a roçar a
santidade, daí a sua veneração por alguns segmentos da população anos depois da
sua morte, ela própria parte do mito, seja por ter sido precoce, seja por ter
sido de perto acompanhada pelos seus seguidores.
Evita encarnou um populismo precoce
nos anos quarenta e cinquenta, talvez por, tal como nas novelas, ter nascido
pobre e chegado aos corredores do poder, o que sempre inculcou nas massas o
fascínio de a origem não ser travão para certos contos de fadas, apimentado com
drama, conspiração, paixões e traições.
Ao morrer, Evita nasceu para a eternidade
Santa Evita, uma Passionária sem armas e provavelmente sem causas, mas uma
palpitante história de veneração popular que ainda hoje a Argentina chora.
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