quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Mais um Natal


E pronto, mais um Natal. Mal ou bem, lá se trocaram prendas, comeu pantagruelicamente e assinalou uma data que apesar de tudo ainda mantém a magia de apelar à paz e harmonia quanto mais não seja, pessoalmente, porém, marcada por uma ausência/presença muito forte. Pena ser só uns dias por ano, para depois voltarmos a ser mesquinhos, quezilentos e egoístas, mas, se Natal é quando um homem quiser, está nas nossas mãos fazê-lo nas nossas consciências e comportamentos, sendo tolerantes, imaginativos, solidários e ter espírito de comunidade no dia a dia. Aí teremos Natal todo o ano, tal como o tivemos no 15 de Setembro, nas manifestações por Timor ou nas campanhas de solidariedade a que cada vez menos podemos ficar alheios.
O país político nem por isso nos deixou em paz, e lá tivemos de ver a casa invadida pelo cobrador de impostos e pró-consul da Alemanha, o tal de Passos Coelho. Não vi nem ouvi o discurso, mas fatalmente que me acabou entrando em casa nos telejornais seguintes, e do que retive, reputo melhor seria ter ficado calado. O homem que já disse nunca aumentar impostos, ir corrigir o défice pelo lado do consumo, anunciar a retoma para 2012, 2013, 2014 e agora já sem prazo, com um ministro das Finanças que tem tanto de rigor como um astrólogo barato, pouca atenção merece, pairando sobre os nossos destinos com aquela cara de menino de coro que parece não partir um copo e depois destrói a loja da loiça toda. A bem dizer, ganhou as eleições prometendo fazer o contrário de tudo o que fez até agora, mas, como disse um dia Richard Nixon, em política, a mentira é a única coisa que não é pecado.
Quanto ao resto, é aguardar com serenidade, e sem virar as costas ao essencial: a dignidade e a luta pela reposição da justiça social, a amizade e o respeito pela nossa História, colectiva e pessoal, o trabalho empenhado em causas e a certeza que só assim renovaremos mais Natais, serenos e em paz. Os tempos são de vigília e alerta.

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