O coronavírus, tal como o racismo e a violência policial contra as minorias, apesar de combatidos por muitos, propagam-se de forma viral numa sociedade com poucos e fracos anticorpos, e geralmente assintomática, apenas reagindo quando o medo e o excesso acordam os espíritos dolentes e conformados. O vírus andava aí, mas foi só quando bateu à porta da Europa que reagimos, defensivamente. O racismo e violência contra os negros ou outros grupos aí esteve sempre, mas foi só quando um telemóvel transmitiu a morte em direto que reagimos de forma grupal.
“Não consigo respirar”, foram as últimas palavras do mais recente mártir desta guerra desigual. Todos nós dificilmente poderemos respirar num mundo onde os Trump, Bolsonaro e outros títeres, alguns portugueses, também, nos apertam o pescoço com a perna, até nos derrotarem ou liquidarem. Respirar é preciso, e eliminar a perna opressiva que nos quer fazer desaparecer como seres diferentes e distintos, onde a cor da pele, o sexo ou as convicções acobertados numa farda, num posto ou numa autoridade são motivo para matar ou oprimir. Se nos cuidados intensivos das vítimas do Covid ventiladores são precisos, é toda uma sociedade também a precisar do ventilador da tolerância, da justiça e da equidade. Deixem-nos respirar!
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