Por estes dias muito se tem falado de nacionalismo por oposição a patriotismo, numa tentativa de acantonar conceitos que se apresentam desfigurados em relação ao seu semântico significado.
Nacionalistas e patriotas são sinónimos
em termos literais, contudo, pejorativamente tem-se vindo a colar a etiqueta de
nacionalistas a quem rejeita o Outro, em benefício dum grupo nacional dito
originário ou “puro”, e, mais recentemente, quem defende soluções que contestam
as orientações ditas “internacionalistas” ou integracionistas da União
Europeia.
Se quanto ao primeiro critério, esse
nacionalismo se afigura doentio e segregacionista em função duma nacionalidade,
origem étnica ou local de nascimento, já a colagem do rótulo de nacionalista a
quem rejeita soluções decididas por directórios não eleitos e burocratas em
Bruxelas me parece perigosa e escorregadia. Porque a União Europeia nunca foi
exemplo de um processo democrático decidido pelos povos em eleições, os seus
tratados refletem a força dos países mais fortes e cada vez mais a caminho de várias
velocidades e orientações, sem com isso o cidadão europeu beneficiar do
esperado bem estar, antes vindo a ser punido com doses de austeridade massivas
que só afectam os cidadãos mas não a banca ou os grupos financeiros. Daí o
Brexit, a revolta contra a UE de uma cada vez maior parte dos cidadãos e
partidos na Polónia, Hungria, França e Grécia, e o desinteresse em aderir de países
que a dado momento desejaram integrar esse espaço comum anunciado como de paz e
progresso, como a Turquia ou a Islândia.
Não se pode meter tudo no mesmo saco.
Se ser contra o diktat duma União europeia dirigida a partir de Berlim é ser
nacionalista, então eu sou nacionalista. E sendo nacionalista, não faço mais
que ser patriota. Da Europa das Pátrias.
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