Favorecido por elevadas
temperaturas e constantes mudanças de vento forte, com todos os corpos de
bombeiros mobilizados, a zona Centro do país é pasto das chamas, destruidoras e
cruéis, assassinas cruzando o ar, numa batalha que dura já há 5 dias, lançando
cinzas e fumo a quilómetros, destapando um clarão enorme e infernal nas noites
intermináveis, com as gentes, já habituadas ao fogo, atónitas por nunca em suas
vidas haver visto tal coisa. Exaustos, rodeados de jornalistas-abutre capturados
pelo cheiro a morte e dor, com o clarão laranja do apocalipse a dominar no seu
belo horrendo, gritos lancinantes são abafados pelo fogo invasivo escondendo um
Inferno que captura novos prisioneiros, impotentes anjos neste negro Junho. Pedrogão,
Gois, Castanheira ganharam mártires e os homens, heróis. Até que Lúcifer,
desperto, regresse, ameaçador e inclemente, faminto de carne esturricada e
impotente, a juntar corpos aos inocentes da 236-1, de Pobrais ou Nordelinho.
A batalha ainda dura, mas, uma vez
debelada, há que vencer a guerra do laxismo, da época de incêndios, da
desorganização e dos lobbies. Há muito que arde, mas ainda há mais que cheira a
esturro.
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