A 19 de Julho de 1415,
passam amanhã 600 anos, falecia em Odivelas D. Filipa de Lencastre,
filha de João de Gant, e rainha de Portugal através do casamento com D.
João I, celebrado em 1387 no Porto e acordado no âmbito da aliança luso-inglesa, e na sequência do qual passou a receber as rendas da alfândega de Lisboa e das
vilas de Alenquer, Sintra, Óbidos, Alvaiázere, Torres Novas e Torres Vedras.
João de Gant viu no
Portugal de D. João I um importante aliado para
os seus interesses castelhanos, e acreditava que, ao casar com Constança, herdeira do rei Pedro I de Castela, em 1372, tomaria posse do trono.
Contudo, o lugar estava ocupado até 1379 por Henrique II, meio-irmão de Pedro
I, e, posteriormente pelo seu filho, João I de Castela. A aliança também era
favorável a D. João I, pois garantia apoio à independência portuguesa face
a Castela, concretizada após a celebração do Tratado de Windsor,
em 1386, e que vigora até hoje.
O casamento entre Filipa e D. João I em Fevereiro de 1387 selou a mais velha aliança do mundo.Escoltada por nobres ingleses e portugueses, Filipa foi conduzida ao Porto, onde, de acordo com a Crónica de El-Rei D. João I, foi recebida com grandes festejos. Alguns dias depois, D. João chegou à cidade e os dois puderam conversar e trocar presentes. Após o casamento, a festa continuou por mais quinze dias.
O casamento entre Filipa e D. João I em Fevereiro de 1387 selou a mais velha aliança do mundo.Escoltada por nobres ingleses e portugueses, Filipa foi conduzida ao Porto, onde, de acordo com a Crónica de El-Rei D. João I, foi recebida com grandes festejos. Alguns dias depois, D. João chegou à cidade e os dois puderam conversar e trocar presentes. Após o casamento, a festa continuou por mais quinze dias.
D. Filipa por várias vezes assumiu o exercício do
governo representando o marido, uma vez que ele estava frequentemente ocupado
em operações militares, e correspondeu
ao papel esperado duma rainha medieval, ao assegurar a continuidade da linhagem, incitando a valorização da cultura nos seus
filhos.
Do seu casamento,
nasceram Branca de Portugal (1388-1389), que morreu jovem, antes de completar
um ano de idade; Duarte
I de Portugal (1391-1438), sucessor do pai no trono português; Pedro, 1.º Duque
de Coimbra (1392-1449), um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo,
regente durante a menoridade do seu sobrinho, o futuro rei D. Afonso V, morto na batalha de Alfarrobeira; Henrique, O Navegador
(1394-1460);Isabel (1397-1471), que casou com Filipe III, Duque da Borgonha; João, (1400-1442), condestável de Portugal e avô de Isabel de Castela; e Fernando, o Infante Santo (1402-1443), que
morreu no cativeiro em Fez.
No início de 1415
a peste bubónica invadia Lisboa e Porto. Os reis refugiaram-se em Sacavém, mas
os longos e frequentes jejuns, orações e vigílias da rainha enfraqueceram e debilitaram
o seu corpo, e a peste acabou por chegar a Sacavém. O rei abrigou-se em Odivelas,
mas a rainha preferiu ir depois. Quando chegou, em Julho desse ano, já
estava doente. De acordo com Gomes Eanes de
Zurara, D. Filipa sentiu a morte aproximar-se, e preparou-se para a viagem
eterna: confessou-se, comungou, e recebeu a
extrema-unção, acabando por falecer no dia 19 de Julho. Inicialmente sepultada em Odivelas, no ano seguinte, os seus restos
mortais seguiram para o Mosteiro de Santa Maria da Vitória.
Em Sintra, e já doente, ainda
assistiu aos preparativos da tomada de Ceuta, quando Álvaro Gonçalves Camelo através
duma maqueta de favas e areia explicou a D. João I como poderia aquela praça
africana ser tomada. Contudo, já não viu a partida do exército de mais de 20 000 cavaleiros e soldados portugueses,
ingleses, galegos e biscainhos, que largaram de Lisboa, a 25 de Julho de 1415, em 59 galés, 33 naus, e 120 embarcações pequenas, levando uma esperançosa geração que incluiu os infantes D.
Duarte, D. Pedro e D. Henrique, além do condestável D. Nuno Álvares Pereira.
Morria Filipa quando Portugal partia para fazer do Mar Oceano durante séculos um
imenso lago português.
Sem comentários:
Enviar um comentário