Passam hoje, dia 31, 150 anos sobre o nascimento do príncipe Afonso de Bragança, 3º Duque do Porto, 24º Condestável de Portugal e 51º e último vice-rei da Índia.
Segundo filho do rei D. Luís I e da rainha Maria Pia de Sabóia, e irmão mais novo do rei D. Carlos, desempenhou as funções de condestável do reino, tendo sido nomeado vice-rei da Índia em 1895, por ocasião de uma expedição a essas colónias. Representou algumas vezes o irmão em cortes estrangeiras. Foi general de divisão do exército português e inspector-geral da arma de artilharia, e comandante honorário dos Bombeiros Voluntários da Ajuda.
Jurado pelas Cortes herdeiro presuntivo da coroa portuguesa, durante o curto reinado de D. Manuel II, seu sobrinho, após a implantação da República em 1910, Afonso exilou-se com a mãe, a rainha Maria Pia, em Itália, onde residiu, em Nápoles.
D. Afonso ficou conhecido como «O Arreda». Amante de carros e de velocidade, corria pelas ruas da cidade no seu automóvel aos gritos «Arreda, Arreda!» para que as pessoas saíssem da frente, o que lhe valeu o cognome. Foi responsável pela organização das primeiras corridas de carros em Portugal. Em vias desenhadas para carros de bois e cavalos, sobressaia o automóvel do Infante que, como devem calcular, não teria muita facilidade de passagem para a velocidade, que podia chegar na altura aos 40 km/hora. Assim, para facilitar a mobilidade, D. Afonso utilizava a sua voz como sinal de passagem, gritando constantemente "arreda!", para desimpedir a via.
A
sua vida pitoresca terminou em 1908 com o regicídio. O infante era
uma das personalidades que esperava a família real no cais do Terreiro do Paço
no dia 1 de Fevereiro, ao lado do sobrinho D. Manuel (que mal sabia que
estava a escassos minutos de se tornar rei), acompanhando a comitiva no seu
automóvel na viagem que terminou tragicamente na esquina da Rua do Arsenal.
Nessa viagem D. Carlos e D. Luís Filipe foram barbaramente assassinados e não
fosse a fortuna (ou má pontaria) de o tiro que acertou em D. Manuel apenas o
ter atingido num braço, e o "Arreda" teria deixado nesse dia de
ser o bem-disposto infante para ser aclamado como D. Afonso VII. Nesse dia D. Afonso
mostrou a sua fibra, tendo sido dos primeiros a apear-se do seu automóvel para
acudir à família real que se fazia transportar num landau aberto. Quem sabe se
pela sua experiência como bombeiro, mostrou ser um homem de grande coragem
e sangue frio.
Jurado herdeiro presuntivo do trono, foi forçado a partir na Ericeira para o exílio no dia 5 de Outubro de 1910. Acompanhou a mãe, D. Maria Pia (que morreria poucos meses depois), e fixou residência em Itália. Teria continuado a ter uma vida pacata não fosse ter casado com uma americana de nome Nevada Stoody, conhecida como caçadora de fortunas e que pretendia certamente tirar algum benefício desse matrimónio. D. Manuel II não deu o seu aval ao casamento (terão mesmo cortado relações) e o infante acabou por casar morganaticamente em Madrid, em 1917. Ficou conhecido o embaraço do embaixador português na capital espanhola quanto à forma de tratamento de um membro da família real no exílio. Optou por tratá-lo por "Sua Alteza" sem mencionar o "Real".
Morreu em 1920 e foi o primeiro Bragança a regressar do exílio para o panteão de São Vicente de Fora. A americana, que numa foto conhecida parecia mais interessada na pose do que em carpir a mágoa pelo desaparecimento do marido, reivindicou metade do recheio do palácio da Ajuda, mas a sua herança foi bastante mais modesta.
Jurado herdeiro presuntivo do trono, foi forçado a partir na Ericeira para o exílio no dia 5 de Outubro de 1910. Acompanhou a mãe, D. Maria Pia (que morreria poucos meses depois), e fixou residência em Itália. Teria continuado a ter uma vida pacata não fosse ter casado com uma americana de nome Nevada Stoody, conhecida como caçadora de fortunas e que pretendia certamente tirar algum benefício desse matrimónio. D. Manuel II não deu o seu aval ao casamento (terão mesmo cortado relações) e o infante acabou por casar morganaticamente em Madrid, em 1917. Ficou conhecido o embaraço do embaixador português na capital espanhola quanto à forma de tratamento de um membro da família real no exílio. Optou por tratá-lo por "Sua Alteza" sem mencionar o "Real".
Morreu em 1920 e foi o primeiro Bragança a regressar do exílio para o panteão de São Vicente de Fora. A americana, que numa foto conhecida parecia mais interessada na pose do que em carpir a mágoa pelo desaparecimento do marido, reivindicou metade do recheio do palácio da Ajuda, mas a sua herança foi bastante mais modesta.
Nevada
Stoody era a segunda filha de Jacob Walter Stoody e Nancy Miranda McNeel, e
tinha quatro irmãs Cora, Clara, Josephine e Florence, e um irmão, Charles. Os seus
três primeiros maridos foram: Lee Agnew, o milionário William Henry Chapman e
Filipe van Volkenburg (1853- 1950). O quarto e último marido foi o 3.° Duque do
Porto, D. Afonso de Bragança, com quem se casou morganaticamente a 26 de Setembro
de 1917, em Roma, e a 23 de Novembro daquele mesmo ano, em Madrid, passando a
usar o título de Duquesa do Porto.
Por
testamento, Nevada foi herdeira universal do marido. Esteve em Portugal durante
o litigioso processo de entrega dos bens e por ocasião da transladação do corpo
do infante para o panteão dos Braganças, em São Vicente de Fora, e faleceu no
St. Joseph's Hospital, em Tampa, Florida, aos cinquenta e cinco anos. Somente
após sua morte, a Fundação da Casa de Bragança pôde recuperar o quadro
"Batalha do Cabo de São Vicente", hoje no Museu da Marinha. A obra
estava incluída na sua herança.
Dois
socialites em tempo de grandes mudanças.