quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Por uma Liga dos Amigos do Festival de Sintra











Marco primordial da actividade musical em Sintra, é o Festival de Sintra, com origens em 1957 nas Primeiras Jornadas Musicais do Município de Sintra, em resultado de um esforço significativo de dinamização artístico-cultural, e marcadamente destinado à pianística, por ele tendo passado os mais reputados executantes mundiais. Nos anos sessenta alargou o seu âmbito a outras expressões artísticas, como o bailado, a música de câmara, o teatro e a ópera, tendo apenas sido interrompido entre 1974 e 1983. Distribuído pelos luxuriantes palácios e quintas de Sintra, dele foi mecenas Olga Maria Nicolis di Robilant Álvares Pereira de Melo, Marquesa de Cadaval, e participaram nomes como Roland Petit, Grigori Sokolov ou Artur Rubinstein. Em 2001 a organização do Festival de Sintra passou para a responsabilidade da empresa municipal SintraQuorum e desde  13 de outubro desse ano o Centro Cultural Olga Cadaval passou a dispor de condições ímpares para a realização de grandes eventos musicais, ali tendo atuado o Ballet e a Ópera Nacional de Novosibirsk, a Companhia Nacional de Bailado, o Ballet du Grand Theatre de Geneve, a Companhia Nacional de Dança de Espanha, o Scottish Dance Theatre, o Scapino Ballet de Roterdão, o Teatro Negro Nacional de Praga, o Teatro Nacional e Ópera da Moldávia, o Moscow Tchaikovsky Ballet, o Ballet Estatal Russo de Rostov, entre outros, bem como todos os grandes nomes da música portuguesa. Sintra dispõe de diversos grupos de música clássica, música popular tradicional, orquestras, ranchos folclóricos adultos e infantis, bandas filarmónicas, grupos de música erudita, grupos de música tradicional, de cantares e orquestras escolares, a que acrescem os diversos grupos de hip hop, jazz, rock, música ligeira e fado. É, pois, também Sintra uma terra de música, onde Richard Strauss comparou a Pena ao castelo de Klingsor, do celebrado Parsifal de Wagner.

O Festival de Sintra é uma marca que pode e deve ser utilizada como marca de água na futura promoção de Sintra como cidade criativa da UNESCO, e um evento que cada vez menos deve ser visto como isolado na programação de grandes festivais europeus, ou condenado a só ser divulgado e promovido no período que antecede a sua realização. A recuperação das memórias de outros anos, de instrumentistas, músicos ou cantores, bem como a divulgação de outros festivais congéneres, merece que a sociedade civil melómana e os atores institucionais congreguem esforços no sentido de constituir uma Liga dos Amigos do Festival de Sintra, que agregue personalidades  do mundo musical com ligações ao Festival, agentes culturais, sociais e políticos sintrenses e faça da sua memória, defesa e promoção um projecto permanente ao longo do ano, seja pela criação de um site e blogue dedicados ao Festival, (aos do passado e do futuro), seja pela divulgação de músicos e festivais congéneres, realização de palestras e encontros, e parceiro ativo na sua promoção, enquanto referencial comunitário e em apoio às iniciativas que para a sua concretização, bem como da candidatura a Cidade Criativa se imponham, como novo e virtuoso stakeholder. O que pensam os sintrenses?


 

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