Marco primordial
da actividade musical em Sintra, é o Festival de Sintra, com origens em 1957
nas Primeiras Jornadas Musicais do Município de Sintra, em resultado de um
esforço significativo de dinamização artístico-cultural, e marcadamente
destinado à pianística, por ele tendo passado os mais reputados executantes
mundiais. Nos anos sessenta alargou o seu âmbito a outras expressões
artísticas, como o bailado, a música de câmara, o teatro e a ópera, tendo
apenas sido interrompido entre 1974 e 1983. Distribuído pelos luxuriantes
palácios e quintas de Sintra, dele foi mecenas Olga Maria Nicolis di Robilant
Álvares Pereira de Melo, Marquesa de Cadaval, e participaram nomes como Roland
Petit, Grigori Sokolov ou Artur Rubinstein. Em 2001 a organização do Festival
de Sintra passou para a responsabilidade da empresa municipal SintraQuorum e
desde 13 de outubro desse ano o Centro
Cultural Olga Cadaval passou a dispor de condições ímpares para a realização de
grandes eventos musicais, ali tendo atuado o Ballet e a Ópera Nacional de
Novosibirsk, a Companhia Nacional de Bailado, o Ballet du Grand Theatre de
Geneve, a Companhia Nacional de Dança de Espanha, o Scottish Dance Theatre, o
Scapino Ballet de Roterdão, o Teatro Negro Nacional de Praga, o Teatro Nacional
e Ópera da Moldávia, o Moscow Tchaikovsky Ballet, o Ballet Estatal Russo de
Rostov, entre outros, bem como todos os grandes nomes da música portuguesa.
Sintra dispõe de diversos grupos de música clássica, música popular
tradicional, orquestras, ranchos folclóricos adultos e infantis, bandas
filarmónicas, grupos de música erudita, grupos de música tradicional, de
cantares e orquestras escolares, a que acrescem os diversos grupos de hip hop,
jazz, rock, música ligeira e fado. É, pois, também Sintra uma terra de música,
onde Richard Strauss comparou a Pena ao castelo de Klingsor, do celebrado
Parsifal de Wagner.
O Festival de
Sintra é uma marca que pode e deve ser utilizada como marca de água na futura
promoção de Sintra como cidade criativa da UNESCO, e um evento que cada vez
menos deve ser visto como isolado na programação de grandes festivais europeus,
ou condenado a só ser divulgado e promovido no período que antecede a sua
realização. A recuperação das memórias de outros anos, de instrumentistas,
músicos ou cantores, bem como a divulgação de outros festivais congéneres,
merece que a sociedade civil melómana e os atores institucionais congreguem
esforços no sentido de constituir uma Liga dos Amigos do Festival de Sintra,
que agregue personalidades do mundo
musical com ligações ao Festival, agentes culturais, sociais e políticos
sintrenses e faça da sua memória, defesa e promoção um projecto permanente ao
longo do ano, seja pela criação de um site e blogue dedicados ao Festival, (aos
do passado e do futuro), seja pela divulgação de músicos e festivais
congéneres, realização de palestras e encontros, e parceiro ativo na sua promoção,
enquanto referencial comunitário e em apoio às iniciativas que para a sua
concretização, bem como da candidatura a Cidade Criativa se imponham, como novo
e virtuoso stakeholder. O que pensam
os sintrenses?
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