Hoje, Dia Internacional dos Museus,
recordar as orientações da UNESCO de 2015- a Recomendação Relativa à Protecção
e Promoção dos Museus e das Colecções, da sua Diversidade e do seu Papel na
Sociedade, que questiona a função social dos museus, bem como a necessidade de
um diálogo vivo entre órgãos directivos, agentes culturais e escolas em
particular.
Apesar de algumas melhorias, a maior
parte dos museus parece estar empobrecida. As construções estão muitas vezes num
estado de conservação precário e as exposições, muitas vezes “fora de época”,
oferecendo pouca informação contextual.
Os museus têm de ser espaços de
construção de narrativas culturais capazes de atender um público diferenciado. Uma
das características apontadas pela nova museologia diz respeito à preocupação crescente
em responder às expectativas do público e oferecer práticas interativas como
alternativa aos discursos fechados.
A introdução de novas práticas deve
priorizar o respeito pela diversidade cultural, a integração nos museus das
diversas realidades locais e a defesa do património cultural. Hoje, a tarefa
educativa passou a ser compreendida a partir do diálogo com o público e das
práticas interativas. As narrativas produzidas tornaram-se temas de debate que
fazem parte da agenda política contemporânea, e os museus devem ser espaços de
fortalecimento de auto-estima e criatividade, sem patrioteirismos ou
regionalismos bacocos, mas lúcidos e de espirito crítico e aberto.
Os museus devem ser instrumentos que
eduquem a partir da interação do visitante com o meio ambiente e por intermédio
da utilização de instrumentos dinâmicos e plurais. Enfatize-se o potencial multidimensional
da visita e os processos afetivos e sensório-motores, evitando-se disposições lineares,
factuais e hierarquizadas. Além disso,faz parte de práticas desenvolvidas nos
museus a observação constante da resposta do visitante. O processo de avaliação
do desempenho de cada museu deve ser recorrente, transparente, com frequente
reavaliação por recurso a análises SWOT. Há que encontrar um discurso próprio e
garantir autonomia em relação a grupos financiadores.
Em Sintra, para lá dos espaços
musealizados das quintas e palácios, há ainda um trabalho de fidelização de públicos
e sua educação a realizar. Por um lado, a política das casas-museu parece
claramente ultrapassada e contrária às tendências da museografia moderna, e
casos como o dos museus Anjos Teixeira ou Ferreira de Castro atestam-no. Por
outro, há que implementar os serviços educativos e realizar mais eventos em
ligação com a comunidade, não numa lógica de supermercado de cultura mas de
programação coerente e complementar. Museus, sim, mausoléus, não.
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