Passam hoje
26 anos do desaparecimento do escritor e ensaísta sintrense Francisco Costa. A
casa onde viveu, em Sintra (foto acima), da autoria de Raul Lino, está situada perto do Largo do Morais e pertence,
bem como o recheio, à Câmara Municipal de Sintra, por testamento
da sua filha Isabel Costa.
Teria sido
intenção que estes bens transitassem para a Misericórdia
de Sintra, tendo mesmo sido organizada na casa uma exposição sobre Francisco
Costa em 1996, mas após um processo agitado, o legado acabou sendo entregue à
Câmara.
Situada na rua
Sacadura Cabral, ao Morais, a casa foi idealizada em 1926 pelo arquiteto Raul
Lino, de cujo falecimento passam também 40 anos em Julho. Referências à casa
transparecem na obra do escritor, que em páginas dos romances A Garça e a Serpente (1943), Primavera Cinzenta (1944), Cárcere Invisível (1949) e Promontório Agreste (1973) recorre à
descrição de cenários da sua casa.
Impõe-se
preservar a casa onde Francisco Costa e a sua família viveram ao longo de
décadas e dar-lhe um uso compatível e digno. Como ele escreveu:
Quando esta casa, feita mesmo em frente
da serra verde, ainda mal se erguia,
e as traves da futura moradia
eram belos pinheiros, simplesmente,
houve uma tarde, sob um sol ardente,
em que o suor em bagas escorria
da testa dos pedreiros e fazia
da cal e areia uma argamassa quente.
da serra verde, ainda mal se erguia,
e as traves da futura moradia
eram belos pinheiros, simplesmente,
houve uma tarde, sob um sol ardente,
em que o suor em bagas escorria
da testa dos pedreiros e fazia
da cal e areia uma argamassa quente.
Hoje, há paredes contra os vendavais,
mas é cá dentro que soltamos ais
nos dias mais aflitos ou mais duros.
Enquanto gemem temporais lá fora,
pagamos nós em lágrimas, agora,
a dor incorporada nestes muros.
(Francisco
Costa, Última Colheita, 1987, p. 13)
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