Em 2015 Palmira foi
destruída,e partiram alguns dos nossos melhores, de Anita Ekberg, Demis
Roussos, Colleen McCullough, Gunther Grass, Eduardo Galiano, B.B.King, John
Nash, Laura Antonelli, Christopher Lee, Omar Shariff, Chantal Ackerman ou André
Glucksmann, a Manuel Lucena, Manoel de Oliveira, Herberto Hélder, Mariano Gago, Ana Hatherly,
Maria Barroso, José Fonseca e Costa ou, aqui em Sintra, o arquitecto Francisco
Castro Rodrigues.Contudo, a arte chocalheira passou a Património Mundial, e
Óbidos e Idanha a Nova viram o estatuto de vilas literárias reconhecido pela
UNESCO.
Em 2015 passaram 600 da
conquista de Ceuta e da morte de D. Filipa de Lencastre, 500 da morte de Afonso
de Albuquerque, 100 anos da edição do primeiro numero do Orpheu e o centenário
da morte de Ramalho Ortigão, e em Sintra os 90 anos da criação da freguesia de
Queluz, os 80 da morte de mestre Artur Anjos Teixeira, os 70 da construção do
Cine-Teatro Carlos Manuel, os 60 da inauguração do Hotel de Seteais, os 40 da
inumação de Ferreira de Castro na Serra de Sintra e, sobretudo, os 20 anos da
elevação de Sintra a Património da Humanidade, número redondo que impõe festa e
regozijo, mas também responsabilidade, segurança na acção e firmeza no caminho
a prosseguir.
Em Sintra, permanecem
diversas áreas para melhorar. Há porém uma mudança de paradigma com a filosofia
de “abrir para obras” acompanhando as recuperações em curso, atitude internacionalmente
aconselhada, já se tendo verificado no caso do Chalé da Condessa e no castelo
dos Mouros, iniciou-se um processo de classificação de árvores e arvoredo
relevante, e têm-se feito esforços- ainda incipientes- para ordenar o
território, com a Área de Reabilitação Urbana aprovada e as ténues alterações
ao trânsito.A revisão da política de preços para as visitas aos monumentos
permanece como um ponto a alterar, bem como a questão da mobilidade.
Em Sintra, durante
2015, destaque para o Periferias, festival que se vai afirmando, reunindo
geografias de afectos em torno do teatro como arte, bem como para o Cortex, um
festival de curtas metragens diferente, e o Festival de Sintra, na sua 50ª
edição. Concluiu-se o ciclo sobre Raul Lino, com um conjunto notável de
comunicações, ciclo que Rodrigo Sobral
Cunha brilhantemente coordenou, abriram a casa da Marioneta na Agualva, os
jardins da Ribafria e a Quinta Nova da Assunção, em Belas, e o nome de Lívio de
Morais foi atribuído à Casa de Cultura de Mira Sintra. Foram assinados
protocolos para revitalizar o antigo Museu do Brinquedo, futuramente o News
Museum, o Pavilhão do Japão, futuro Centro Cultural Kobayashi, e foi inaugurado
o Centro Mitos e Lendas, um espaço interactivo no posto de Turismo na Vila.
Associações como o Danças com História e a Byfurcação viram ser-lhes atribuídos
espaços em S. Pedro, e decorreram eventos como o Lumina, o Festival de Estátuas
Vivas, o IX Encontro de Bandas Filarmónicas, a XXIV edição da Mostra de Teatro
nas Escolas e o Sintra Press Photo.Os 20 anos da elevação de Sintra a Paisagem
Cultural da Humanidade propiciaram igualmente a abertura dum Gabinete dedicado
ao Património Mundial e de um Centro UNESCO em Sintra.
No âmbito associativo,
Jorge Telles de Menezes voltou a revitalizar as tertúlias “Meninos d’Avó”, 10
anos depois de terem sido criadas, e grupos como a Byfurcação e o Tapafuros
deram vida aos jardins de Sintra e da Regaleira. João Rodil lançou “Os Dias do
Corvo”, Jorge Menezes a colectânea de poesia “Suma Uma”, Raquel Ochoa o romance
“As Noivas do Sultão”, Filomena Marona Beja “Um rasto de alfazema”, Miguel Boim, o Caminheiro de Sintra, "Sintra Lendária", Miguel Real "Vieira, o Céu na Terra: Nos 400 anos do nascimento do Padre António Vieira, uma homenagem" (com Filomena Oliveira) "Portugal: Um País Parado no meio do Caminho (2000-2015)" e "O Último Europeu: 2284", Sérgio Luís de Carvalho "Quem se atreveu a tanto?" e "Traidores e Traições na História de Portugal" e eu próprio "Histórias Com Sintra Dentro".
A Alagamares colaborou
ou promoveu em muitas dessas iniciativas: logo a 15 de Janeiro estivemos com os
Meninos d’Avó; a 12 de Fevereiro promovemos a exibição no MU.SA do documentário
de Miguel Ferraz “Barros Queiróz, figura moral da República”, sobre o homem que
proclamou a República em Sintra; a 21 de Fevereiro decorreu no MU.SA o debate
“O Islão e o Ocidente”, com José Rodrigues dos Santos, Basílio Horta, Ana
Gomes, José Manuel Anes, Saoud Eltayari e Mamady Sissé e em 4 de Março novo
debate sobre Sintra nos 20 Anos de Património Mundial, com Sidónio Pardal,
Cardim Ribeiro, Nunes Correia, Basílio Horta, João Rodil e Gerald Luckhurst.
A 9 de Março decorreu o
10º aniversário da Alagamares no Salão de Galamares. Foram homenageados Miguel
Real, o teatro TapaFuros e a Escola Profissional de Recuperação do Património
de Sintra, e actuaram o Grupo Coral de Queluz, Rui Mário, Cláudia Faria, Paulo
Campos dos Reis e Susana Gaspar, além das bandas Paradoxo e Reckless Society. E
o ano continuou a 26 de Março com a tertúlia dedicada a Ruy Belo no Legendary
Cafe, em parceria com a Caminho Sentido e o Tapafuros, uma visita botânica a
Monserrate em 29 de Março, guiada pelo arq. Gerald Luckhurst, a invocação da
Geração d’Orpheu na Quinta do Relógio pelo escritor João Rodil em 7 de Maio, a
visita a Tomar em 30 de Maio, a apresentação em 23 de Julho no Café Garagem da
obra de Raquel Ochoa “As Noivas do Sultão”, a ida colectiva em 25 de Julho à Quinta
da Regaleira para ver “Os Lusíadas” pela Musgo Cultural, a visita ao Centro
Histórico de Belas a 12 de Setembro, um evento dedicado à Guiné-Bissau, no
MU.SA, a 26 de Setembro, em colaboração com a Uno e a Éter Cultural, a apresentação
em 5 de Novembro no MU.SA do livro de Filomena Marona Beja “Um rasto de
alfazema”, a caminhada na serra de Sintra com observação de cogumelos a 21 de
Novembro e a homenagem aos 40 anos de vida literária do escritor Luís Filipe Sarmento,
com jazz, fado e mais de 150 participantes no passado dia 19 de Dezembro.
Cultura, mais que coleccionar eventos, é patrulhá-los no sentido de criticamente deles bebermos informação e promover "inscrição", no sentido de contribuir para mudar mentalidades, comportamentos e tiques, no avisado reparo de José Gil. No silêncio das nossas consciências, na ponta das nossas canetas ou no grito das nossas aspirações, em 2016 sejamos dinâmicos em nossa casa e na nossa comunidade, acordados que não parados, activos que não passivos, conscientes que não pacientes, pugnando pela claridade que faz o Dia, não assistindo apenas ao anémico fluir da espuma dos dias.
Cultura, mais que coleccionar eventos, é patrulhá-los no sentido de criticamente deles bebermos informação e promover "inscrição", no sentido de contribuir para mudar mentalidades, comportamentos e tiques, no avisado reparo de José Gil. No silêncio das nossas consciências, na ponta das nossas canetas ou no grito das nossas aspirações, em 2016 sejamos dinâmicos em nossa casa e na nossa comunidade, acordados que não parados, activos que não passivos, conscientes que não pacientes, pugnando pela claridade que faz o Dia, não assistindo apenas ao anémico fluir da espuma dos dias.