Passa
hoje, 23 de Maio, mais um aniversário da morte no Arraçário, em Sintra, em
1952, do grande jornalista e escritor Rocha Martins.
Perante
um país sufocado, deprimido e amordaçado pela ditadura de Salazar ouviam-se, em
períodos eleitorais, os ardinas de Lisboa, ao fim da tarde, que gritavam ao
anunciar o jornal "República". Fala
o Rocha! Fala o Rocha! seguido, em
surdina, de O Salazar está à brocha!...
Eram
os libelos, em forma de cartas, da autoria de Francisco José Rocha Martins, que
como principais destinatários Salazar e o Presidente da República, Carmona
("o general de tomates cor de rosa" conforme o definiu Raul Proença);
o cardeal Gonçalves Cerejeira, e outras personalidades do regime.
Rocha
Martins principiou a carreira num jornal monárquico, o "Diário Popular", de Mariano de
Carvalho; prosseguiu na "Vanguarda",
dirigida por Magalhães Lima, grão-mestre da Maçonaria; ligou-se depois a João
Franco e à ditadura que implantou, no "Jornal
da Noite"; foi braço direito de Malheiro Dias na "Ilustração Portuguesa".
Proclamada
a Republica combateu-a no "Liberal".
Editou os panfletos "Fantoches",
notas semanais escaldantes sobre acontecimentos políticos arrasando Afonso
Costa e a Partido Democrático. Foi deputado no consulado de Sidónio Pais.
Fundou e dirigiu a semanário "ABC"
(de 1920 a 1930) que apoiou a 28 de Maio e a arrancada do general Gomes da
Costa. Contava com a publicidade do Bristol Club - famoso cabaré e urna das
mais concorridas salas de jogo. Os anúncios do Bristol Club estavam explícitos
no alto das capas concebidas par Jorge Barradas, Stuart, António Soares, e
outros modernistas. Da redacção faziam parte Ferreira de Castro, Mário Domingues
e Reinaldo Ferreira, o mítico, Repórter X.
De
1932 a 1943 dirigiu o "Arquivo Nacional”. Na continuidade dos folhetins de
Pinheiro Chagas, Campos Júnior e Eduardo Noronha, lançou com efabulação
patriótica, emocional e satírica, diversos romances e editou com prefácio e
notas "Palmela na Emigração", que lhe valeu o acesso a sócio correspondente
da Academia das Ciências.
A
popularidade de Rocha Martins ganhou nomeada no tempo do MUD, na candidatura de
Norton de Matos e de Quintão Meireles, devido às cartas, estampadas a toda a
largura da primeira página no jornal "República".
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