Decorreu no dia 31 no Café Saudade uma tertúlia sobre o estado do património em Sintra, tendo como ponto de partida a leitura encenada de 4 textos de Nuno Vicente, teatralizados pela Carla Dias e a Susana Gaspar (foto acima), actrizes bem conhecidas em Sintra, e elas próprias militantes destas causas.Em tempo de penúria, falar de património é como pedir caviar quando mal se consegue um caldo verde. Porém, há que resistir, em nome da auto estima, do respeito pela memória colectiva, e da cidadania activa. Apesar de o representante do FMI para Portugal ser um etíope, ainda não chegámos à fase de ter de lutar por uns bagos de arroz, e, seja nesta, como nas causas da cultura, dos direitos humanos e da luta pela justiça e dignidade, sempre haverão pessoas dispostas a, com a sua generosidade, e até com a raiva que a hora que passa lhes suscita, erguer a voz e cerrar fileiras, sejam muitos ou poucos os mais activos nessa caminhada. Quando se tinha já por adquirido um percurso de ganhos no plano dos direitos e da qualidade de vida, regredimos, não por culpa dos portugueses "despesistas" que viveram à sombra dos bancos, mas de políticos reles que não zelaram, outros que não fiscalizaram, e quase todos que sempre puseram os interesses ou lógicas partidárias à frente da defesa deste país secular que tão mísera classe política gerou.
Na Cultura, na Cidadania, com o povo português, causa maior de tudo o que nos move, continuaremos, poucos ou muitos, bem sabendo o difícil que a muita gente da cultura é hoje lutar por causas quando começa a faltar a comida na mesa, o dinheiro para as rendas ou o emprego, precário quando há. A História, se não o Povo antes, julgarão o genocídio económico que se abateu sobre Portugal, e saberão dar a volta, colocando-os de novo no lugar que merecem. Como escreveu Goethe "Apenas é digno da vida aquele que todos os dias parte para ela em combate".
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