Filipe Fiúza, poeta, engenheiro, e sintrense preocupado, actualmente também membro da direcção da Alagamares, tem um novo blogue, o Sintra em Ruínas, dedicado à denúncia dos casos de incúria na vila, infelizmente também património de desumanidade.Aqui fica um álbum de registos infelizmente reais e bem próximos de nós. Alguém falou em reabilitação urbana?
domingo, 29 de janeiro de 2012
domingo, 22 de janeiro de 2012
Ficar na História
Ficarão muitas das personalidades do nosso tempo na História? E como? Como se verá daqui a 100 anos José Sócrates, Álvaro Cunhal, Salazar, o próprio povo português?
É useiro e vezeiro usar-se o adjectivo “histórico” por tudo e mais alguma coisa, muitas vezes do âmbito do mundano e que por inaugurar algo diferente ou inesperado, se pensa que a História deverá pela certa registar, nos primeiros tempos como facto extraordinário, depois como ruptura ou mudança, mais tarde ainda como lógico num processo de que então se terá a visão de floresta passada a atracção pela simples árvore.
A ideia que hoje temos acerca de um facto ou personalidade ser ou não histórico, mais não é que a projecção que dela fazemos e que pensamos que os vindouros também terão num futuro sem data, em função também da lógica das ideias e personalidades vencedoras no momento em que se faz tal juízo. O passado muda porém à medida que o futuro avança, e os vilões de hoje poderão ser os visionários de amanhã, consoante o ângulo que se escolha da realidade, que tudo pode alterar. A percepção do paradigma democrático como o viram Rousseau e Voltaire fez de Napoleão ou Hitler ditadores, outra visão hoje não dominante perspectivá-los-á como visionários, certos de que sendo o homem o lobo do outro homem tudo fizeram numa lógica homeostática e real. Como verá a História os mesmos actores daqui a duzentos anos? Mais, terá a História de ter um fim moral de escolher entre os bons e os maus ou tão simplesmente constatar? Como dizia Spinoza, “interessam-me os factos humanos não para adorá-los ou censurá-los, mas tão só para compreendê-los”
A vida e as sociedades são dinâmicas, e nem mesmo se alguém se preservar imaculado para memória futura, esperando que a História o registe sem pecados mas também sem rasgo garante um lugar nas páginas da História (ou nalgum ficheiro partilhado do futuro a que se chame “História”…) o que, se é certo que pode proteger no futuro, torna vulnerável a actuação presente. Assim nunca saberemos como vamos ficar na História ou se os factos e personagens agora sublimados o ficarão. Hoje falamos da I Guerra Mundial mas à época não se sabia que seria só a primeira, ou do Marquês de Pombal quando ele governou 27 anos mas só foi marquês nos anos finais.
A História não tem adjectivos, pois ainda não ganhou o direito a tê-los, pois mesmo o que achamos que o futuro vai guardar neste momento ainda É, NÃO FOI.Por isso quando certas pitonisas pouco avisadas falam destes tempos com a certeza de qual o lugar ou secção que os actuais heróis e vilões vão ter na História que idealizaram já, há que parar para que o Futuro decida qual será o seu Passado. É bom ter isso presente, e portanto, sempre que se apearem estátuas e bustos, não os destruam, podem sempre voltar…
É useiro e vezeiro usar-se o adjectivo “histórico” por tudo e mais alguma coisa, muitas vezes do âmbito do mundano e que por inaugurar algo diferente ou inesperado, se pensa que a História deverá pela certa registar, nos primeiros tempos como facto extraordinário, depois como ruptura ou mudança, mais tarde ainda como lógico num processo de que então se terá a visão de floresta passada a atracção pela simples árvore.
A ideia que hoje temos acerca de um facto ou personalidade ser ou não histórico, mais não é que a projecção que dela fazemos e que pensamos que os vindouros também terão num futuro sem data, em função também da lógica das ideias e personalidades vencedoras no momento em que se faz tal juízo. O passado muda porém à medida que o futuro avança, e os vilões de hoje poderão ser os visionários de amanhã, consoante o ângulo que se escolha da realidade, que tudo pode alterar. A percepção do paradigma democrático como o viram Rousseau e Voltaire fez de Napoleão ou Hitler ditadores, outra visão hoje não dominante perspectivá-los-á como visionários, certos de que sendo o homem o lobo do outro homem tudo fizeram numa lógica homeostática e real. Como verá a História os mesmos actores daqui a duzentos anos? Mais, terá a História de ter um fim moral de escolher entre os bons e os maus ou tão simplesmente constatar? Como dizia Spinoza, “interessam-me os factos humanos não para adorá-los ou censurá-los, mas tão só para compreendê-los”
A vida e as sociedades são dinâmicas, e nem mesmo se alguém se preservar imaculado para memória futura, esperando que a História o registe sem pecados mas também sem rasgo garante um lugar nas páginas da História (ou nalgum ficheiro partilhado do futuro a que se chame “História”…) o que, se é certo que pode proteger no futuro, torna vulnerável a actuação presente. Assim nunca saberemos como vamos ficar na História ou se os factos e personagens agora sublimados o ficarão. Hoje falamos da I Guerra Mundial mas à época não se sabia que seria só a primeira, ou do Marquês de Pombal quando ele governou 27 anos mas só foi marquês nos anos finais.
A História não tem adjectivos, pois ainda não ganhou o direito a tê-los, pois mesmo o que achamos que o futuro vai guardar neste momento ainda É, NÃO FOI.Por isso quando certas pitonisas pouco avisadas falam destes tempos com a certeza de qual o lugar ou secção que os actuais heróis e vilões vão ter na História que idealizaram já, há que parar para que o Futuro decida qual será o seu Passado. É bom ter isso presente, e portanto, sempre que se apearem estátuas e bustos, não os destruam, podem sempre voltar…
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Árvores de Sintra
As árvores de Sintra, discretamente alvo de podas e abates, têm de ser seriamente olhadas como património natural e como tal protegidas.Parte do cenário natural, frondosas e vetustas, há muito marcam as estações e os dias, floridas na Primavera, despidas no Inverno, acompanhando o tempo e o pathos de quem por elas passa, muitas vezes sem olhar. À sua sombra brincam crianças, descansam idosos, nidificam aves, serpenteiam insectos. Com elas,melhora o clima, aumenta a qualidade do ar, esbate-se o ruído.
As árvores reduzem a temperatura e aumentam a taxa de humidade. Contribuem para a eficiência energética e ajudam a renovar o ar. Uma faia de 25m pode fornecer oxigénio para 10 pessoas. A folhagem reduz os aerossóis e poeiras.Sabiam que uma banda arborizada de 100m permite um aumento de 50% da humidade? E que uma árvore de 10m de altura transpira 130 litros de água por dia?
As árvores valorizam as propriedades e melhoram a harmonia dos espaços, solitárias ou em alameda, no esmerado jardim ou soalheiro quintal, marcam escalas, definem territórios e horizontes, protegem do sol e do frio, são uma barreira visual e cobiça dos artistas.
Sitiadas, sofrem de expectáveis doenças e desamparados ataques, seja dióxido de enxofre ou ozono, monóxido de carbono ou azoto, peróxi-acetilnitratos ou pragas. E sofrem, quando plantadas em solos pobres em nutrientes, atacadas por herbicidas, feridas pelas infra-estruturas enterradas, contagiadas por microorganismos.
Estruturantes da imagem cénica e patrimonial, aumentam a qualidade de vida, merecendo quem lhes trate da porosidade, alimente com matéria orgânica, mate a sede ou vigie, com competente tutoragem. Frágeis e fortes, endémicas ou exóticas, são o bálsamo e a fragrância, a sombra e o refúgio, silencioso, tão silencioso que sem apelo se abatem vertendo lágrimas de seiva, culpadas de estar e perturbar, perturbar invasivos veículos, trazer improváveis alergias ou irritantemente espalhar as folhas.
Aqui e ali enfrentam o esquadrão da morte, e aos poucos despedem-se, substituídas por gélido granito, lápide fria sem direito a um epitáfio.
Breve chegará a Primavera, e com ela o inebriante odor da natureza. Replantar é preciso, espalhar o verde também. Se Sintra é a aristocrática senhora, as árvores são seu enfeitiçado perfume.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Que futuro para a imprensa regional?
Num cenário pouco favorável à sobrevivência e consolidação da imprensa regional, os órgãos de comunicação necessitam cada vez mais de apoio e união. Vem isto a propósito da anémica situação da comunicação social local. Se é facto que falta um jornalismo de investigação, que muitos não arriscam, por falta de recursos e jornalistas, a verdade é que a maioria dos títulos também peca por uma frágil cobertura dos eventos, muitas vezes quase só reproduzindo os press release que lhes são enviados e pouco espaço abrindo para a discussão de temas que a todos interessam, suscitando a polémica construtiva ou debate.Neste plano, de realçar que quase nenhum jornal local hoje tem uma coluna ou página regular onde se escreva sobre a vida cultural ou a história local, como ocorria em Sintra, por exemplo, no tempo do saudoso José Alfredo ou de Francisco Costa.
É certo que há também uma crise de leitores, que pouco procuram a imprensa regional, que apenas sobrevive baseada em alguma (pouca) publicidade, mercado igualmente em dificuldades. Assim sendo, os temas mais sensíveis são esquecidos, sujeitos às vaidades pessoais de políticos que se querem promover, dos artistas de plástico que pretendem viver da imagem mais que do talento, tudo se confinando à cobertura de almoços comemorativos, inaugurações (poucas, até essas) ou reportagens que muitas vezes se fazem de forma acrítica.
Os meios de comunicação que não se comprometam com a sociedade onde interagem correm o risco de desaparecer, não só porque hoje o site antecipa a notícia e o blogue diversifica a opinião.Há que ser pró-activo e não reactivo, procurar a notícia e não esperar pelo mail ou press release, ser voz e dar voz, crítica e plural, sob pena de irmos assistindo ao desaparecer de títulos ou ao seu definhar paulatino.
Porque, diga-se o que disser, nada dispensa o prazer de folhear um jornal enquanto se bebe café, descortinando o anúncio da casa, chorando uma partida na necrologia ou vendo divulgado um novo autor ou um filantropo desconhecido. No fundo, questionando a floresta sem deixar de arranjar tempo para a árvore. Para isso há que ter arrojo, apelar aos criativos, montar uma rede de correspondentes que levem a todos a notícia da sua rua, aldeia, empresa ou escola, evoque os que fazem e incentive outros a fazer. Se assim não for, a não ser para promoção de políticos de ocasião ou para aproveitar algum pouco mercado publicitário enfeitando-o com algumas notícias pela rama, a imprensa regional terá dificuldade em sobreviver. Uma nova etapa é precisa.
domingo, 15 de janeiro de 2012
Estrangeiros em Sintra-Lady Jackson
Catherine Hannah Charlotte Elliott Jackson, Lady Jackson (1824-1891) foi esposa do Cavaleiro Sir George Jackson, que com ela casou, em 1856.Após a morte do marido em 1861, virou-se para a literatura, a começar pela edição da diários e cartas deste no início da vida.Um dos seus melhores livros, "Old Paris: seu Tribunal e Salões Literários", apareceu em dois volumes, em 1878, e "O Tribunal de Justiça da França no século XVI", também em dois volumes. Lady Jackson também escreveu sobre arte, em especial pintura ocidental.
Em 1873 visitou Portugal e escreveu um livro sobre a "fair Lusitania" no qual descreve o pitoresco duma visita a Sintra, em Maio(o melhor mês para vir a Sintra, segundo ela),por entre o pó do Larmanjat, e de burro pela serra, onde avistou o Chalet da Madama (Condessa d'Edla)e entrou pelas traseiras do Lawrence atraída pelo cheiro da comida de Jane Lawrence.