Se fosse vivo, o arquiteto Gonçalo Ribeiro Teles, figura emblemática das políticas de ambiente e ordenamento do território em Portugal faria hoje 100 anos.
Em 28 de Abril de 2012 esteve entre nós, e participou no colóquio promovido pela Alagamares em defesa das árvores de Sintra na Sociedade União Sintrense, tendo produzido uma intervenção que em todos os presentes deixou marcas. Ribeiro Telles lembrou então ser a eco indispensável ao desenvolvimento, ironizando ter sido por a ter descurado “sido o homem expulso do paraíso”. “Vivemos na era do Caos”, referiu então, “o que dificultou a potencialidade da fixação”. Segundo ele, são os países que garantem a biodiversidade os que mais têm potencialidade de segurança, tendo sido a compartimentação dos espaços agrícolas o que permitiu o desenvolvimento da civilização actual.”Garantir um contínuo verde através das cidades, deveria ser um mandamento do planeamento na luta contra o caos e distribuição especulativa do território”, enfatizou então.” Continuamos no tempo da mancha, e não do desenho do paraíso”, vincou nessa sessão, referindo-se à visão fragmentada que os instrumentos de gestão territorial fazem de realidades amplas e interligadas.
O arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles foi distinguido com o ‘Nobel’ da Arquitetura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe. Nascido em Lisboa, a 25 de Maio de 1922, Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e formou-se em Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, onde iniciou a vida profissional como assistente e discípulo de Francisco Caldeira Cabral, pioneiro da disciplina em Portugal, no século XX. São da autoria de Ribeiro Telles, entre outros projetos, o Corredor Verde de Monsanto e a integração da zona ribeirinha oriental e ocidental na Estrutura Verde Principal de Lisboa. Gonçalo Ribeiro Telles também é autor dos jardins da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto (Prémio Valmor de 1975), e dos projetos do Vale de Alcântara e da Radial de Benfica, do Vale de Chelas, e do Parque Periférico, entre outros. A Alagamares curva-se respeitosamente perante a sua memória.