segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Português, uma língua em coma

 


É absolutamente um caso perdido tentar salvar a língua portuguesa quando por todo o lado as expressões anglo-saxónicas, do economês, e do mundo da informática, alastram sem que haja a preocupação de as traduzir, por preguiça ou por pedantismo intelectual.

O recente aparecimento dum canal em português da CNN aprofundou o desastre. São as breaking news em vez da última hora, o prime time, a dark web, o download, o delete, o mainstream, o upgrade, o stand by ou o rating, o lay off, o low profile, o pivot ou o cash flow, as start up, o phubbing ou as stories. Isto quando a preguiça própria do tempo em que se investiga na Wikipédia ou googla sem curar das fontes não é substituída por memes, emojis, GIF’s e mais parafernália que rapidamente se esgota atingidas as visualizações desejadas com a foto de um arroz de marisco, a selfie idiota ou qualquer idiotice no Tik Tok.

A língua portuguesa- ou línguas de extração portuguesa, para ser mais concreto- depressa se tornarão tão faladas como o grego morto ou o aramaico a continuar este homicídio premeditado em que todos somos serial killers nesta crime scene que são as redes sociais, cavernosas sarjetas onde campeia o narcisismo desenfreado, e todos, querendo ser indivíduos, não somos mais que clones atrás do campeonato das vaidades. Mais que os posts ou as stories, é a estupidez que é viral, e com milhares de seguidores, infelizmente. A globalização mata o português, que alegremente se suicida, de nada valendo influencers como Camões, Fernando Pessoa ou Sophia.