Envolvido por um centro histórico de Sintra
despovoado e idoso (em todo o Centro Histórico, incluindo S. Pedro, Vila e
Estefânea moram 3400 pessoas, e na Vila apenas cerca de 380, tendo um terço
mais de 64 anos), com edifícios a precisar de intervenção urgente e alguns em
completa ruína, afigura-se ser necessário pensar global, atenta a sua realidade
de burgo encavalitado com uma serra serpenteante e densa a envolve-la, com
todas as contingências que isso acarreta.
No Dia Mundial do Turismo, a nova galinha dos
ovos de ouro da economia nacional, algumas sugestões para um turismo não
turisficado, com uma palavra prévia de reconhecimento para nomes que no passado
projetaram o nosso turismo, do elétrico da Praia das Maçãs aos hotéis de charme
como o Costa, o Bragança ou o Central, na Vila Velha: empresários como Adriano
Júlio Coelho, que edificou o Casino, Diamantino Tojal, promotor da piscina da
Praia das Maçãs, Miguel Rebelo, da primitiva Pensão Nova Sintra ou António Raio
e técnicos como Consiglieri Martins ou Mário João Machado.
Como tarefas fulcrais a desenvolver, sob a
égide dum órgão coordenador abrangente, com competências claras e executivas, e
fundo de maneio próprio e proveniente de fundos e programas de financiamento,
sugeriria, enquanto municipe:
-aprofundar a promoção de medidas que fixem
e tragam jovens e moradores para o Centro Histórico, apostando no arrendamento,
contemplando benefícios fiscais para quem recupere património existente;
-a construção dum Sintra Welcome Center, ou
Centro de Visitas, na Vila Alda, no Casal de S. Domingos, ou no estacionamento
fronteiro à estação da CP (onde se poderiam localizar os pontos de venda dos
guias turísticos);
-a implementação de sinalética com
informação exaustiva, WI-FI e QR codes em todos os locais de relevo;
-o lançamento de obras de recuperação dos
imóveis em péssimo estado, ou sua alienação, com a condição de recuperação em
prazo certo e curto;
-o aprofundamento da apresentação das
candidaturas com viabilidade de serem elegíveis para uma série de fundos europeus,
onde se podem ir captar verbas
significativas para vários programas operacionais;
-a criação de parques periféricos no
Ramalhão, Portela e Estefânea dotados de sanitários, pontos de divulgação
turística e paragens para transportes colectivos;
-o lançamento de obras na sede dos
escuteiros, na antiga cadeia comarcã, visando apoio para mostra e venda de
artesanato e produtos regionais, exposições, espaço internet e venda de
produtos biológicos), bem como garantir a fruição pública do Parque dos Castanheiros,
em Seteais, e recuperar as casas em ruínas na Volta do Duche e Escadinhas do
Hospital, entre outras;
-a revisão e revitalização do Elucidário
Arquitetónico da Vila de Sintra;
-elaboração dum Plano de Marketing
Turístico e Comercial de médio prazo;
-alterar e adaptar as localizações e
horários dos transportes públicos e praça de táxis da Vila;
-dotar o Centro Histórico de mais
sanitários públicos, evitando o uso excessivo dos locais de restauração, que se
queixam de muitas vezes serem utilizados para esse fim apenas;
-criar uma programação de eventos contínua
e adequada às características de Sintra;
-ponderar o futuro do eléctrico, sendo eu
particularmente contra a sua continuação até à Vila, pelo impacto no trânsito e
pelo impacto visual negativo das catenárias;
-ponderar
a não execução do teleférico, pois tal abreviaria a visita a Sintra dos
inúmeros visitantes, levá-los-ia apenas à Pena e frustraria a possibilidade de
se “sentir” Sintra em benefício dum turismo de massas que não se deve
preconizar, sofrendo a vila e a serra já hoje a consequência das hordas diárias
de visitantes trazida pelo aumento de viagens low-cost tendo Lisboa como
destino primário e Sintra como destino complementar. Além de que dificilmente
se encontrará alguém para pagar os 20 milhões de euros previstos para a sua
construção;
-ponderar a possibilidade de criação de um
posto de informação no Rossio ou no Turismo de Lisboa, especificamente visando
Sintra, e onde se possam obter informações prévias e adquirir bilhetes
compostos transporte-visita para os visitantes que pretendam visitar Sintra;
-replantar árvores na Praça da República, e
classificar todo o arvoredo da zona da ARU como de interesse municipal,
impedindo cortes, e promovendo apenas os que decorram de parecer fitossanitário
devidamente fundamentado;
-criar novas zonas e percursos pedonais
(sem corte de trânsito, ou corte parcial) junto ao Pelourinho da Vila, no largo
fronteiro à Câmara, e na Rua Alfredo Costa;
-transferir o GAM e o Espaço do Cidadão
para a Rua Heliodoro Salgado ou para o mercado da Estefânea;
-uniformizar o mobiliário urbano e remover
as antenas obsoletas;
-relocalizar os caixotes do lixo e os
ecopontos;
Estas, sem ser exaustivo, nem descurar
outras soluções, algumas sugestões para um plano para o qual se podem canalizar
verbas do Portugal 2020, do Reabilitar para Arrendar, Life+2014-2020,Fundo
Jessica, Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis, Fundo Português do
Carbono, e outros.