sábado, 20 de junho de 2015

Almoinhas: um encontro com os bardos do Futuro





“Almoinhas- Sentidos Caminhos”, que ontem a companhia de teatro TapaFuros estreou no Parque da Liberdade, em  Sintra, proporcionou a quem lá esteve uma noite lunar e cintilante, sob a utópica batuta de Rui Mário, o bardo dos futuros. De forma palpitante e processional, calcorreou-se o trilho-caverna onde, exploradores, nos foi revelada uma Luz redentora ofertada nos textos de alguns dos escritores sintrenses vivos mais marcantes, aqui por Rui Mário convocados para o Priorado da palavra dita (Miguel Real e Filomena Oliveira, João Rodil, Filomena Marona Beja, Hélia Correia, Maria Almira Medina, Jorge Telles de Menezes e Jaime Rocha)
Libertos na Caverna, viajámos pelo Futuro depois de peregrinar por sinuosas grutas, espeleólogos de amarguras, a cada passo descobrindo a Serra-Mãe. Na escuridão, encontrámos claridade, estóicos fugindo da Cidade Grande, absortos num labirinto onde em sete momentos nos convidaram a provar uma revelada poção.

Poetas finistérricos, os TapaFuros são mais que um grupo de teatro, são utópicos sacerdotes e guardiães do Tempo, e como poucos entendem o que é Sintra, e como esta é um promontório de partidas e chegadas, a todos convocando para rituais libertadores. Juntando actores cúmplices de muitas noites  perturbantes na Sintra silenciosa, em sete momentos se percorreu um iniciático e uterino percurso, e com ele nos patrulhámos a nós mesmos, desnudando fragilidades e dando voz aos sem voz.

Conceito vencedor e conseguido, actores seguros e uma banda sonora intimista, ou de intimidade, no melhor registo de Pedro Hilário, bons e palpitantes serões em perspectiva, pois. Vão ao Parque da Liberdade, e embrenhem-se no libertado território da utopia. 

Fotos:Cristina Vieira

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