A comunicação social é usualmente designada como o
quarto poder, com a função de informar e influenciar o debate político,
denunciar injustiças e dar voz à opinião crítica e diversificada, espelho da
sociedade aberta e contemporânea. Foi através dela que muitos casos foram
denunciados e alertas foram lançados, de que cito, só para exemplificar, o caso
Watergate na América dos anos 70, e que conduziu à queda de um presidente.
Há porém limites e derivas a que há que estar
atento: o simples facto de se escrever um artigo ou um editorial num jornal não
dá a certeza da verdade ou da justeza da posição de quem escreve ou fala.
Motivados pela obsessão da manchete ou do “furo”, do sensacionalismo ou da
necessidade de “vender”, está o jornalismo moderno eivado duma
espectacularidade que tende a dramatizar as notícias, quando não a
construí-las, sendo a comunicação social muitas vezes quem dita as agendas
políticas e não o seu contrário. É precisa uma linha divisória neste universo,
e não esquecer que os jornais, as rádios e as televisões têm donos, que são
muitas vezes grupos económicos com outros interesses na economia do país ou no
desfecho de casos de justiça em que os seus donos e accionistas são muitas vezes
parte, impedindo ou desincentivando o jornalismo de investigação que incida em
áreas onde os donos desses meios de comunicação social possam vir a ser
visados, sejam eles empresários duvidosos, elites africanas ou “testas de ferro”
dos negócios.
Há pois que estar atento, cruzar informação e
esperar que o contraditório e o cruzamento das fontes seja feito, com respeito
pela ética e deontologia profissionais, separando os tycoons da imprensa
tablóide em busca de sangue do jornalismo criterioso, informativo e pedagógico a
que temos direito.