No seu discurso
de tomada de posse, Basílio Horta, o novo presidente da Câmara de Sintra falou
do “vendaval de pobreza” que assola o concelho, e no seu primeiro dia logo
reuniu com técnicos da área social do município procurando dar corpo ao
projecto de Emergência Social de que falou na posse como sendo das primeiras e
prioritárias medidas a adoptar.
Efectivamente,
e de acordo com um estudo de José Pires Manso, António Matos e Fátima Gonçalves
“Os Municípios e a Qualidade de Vida”
o concelho de Sintra passou nos últimos anos do 4º para o 129º lugar no ranking
dos 308 municípios portugueses.
Tal ranking
teve na sua base um grande número de variáveis- condições económicas, sociais e
materiais, e em termos metodológicos a investigação utilizou duas técnicas
estatísticas multivariadas: a análise factorial, de que resultou a criação do índice
concelhio de desenvolvimento económico e social, e a análise de clusters que permitiu ordenar os municípios
por índices de desenvolvimento.
Para tal foi
construída uma base de dados e utilizado um método da Análise Multivariada
conhecido como Análise Factorial. A base de dados foi constituída por 14784 valores
que corresponderam a 48 indicadores para os 308 concelhos do país.
Recorrendo
posteriormente a os pesos factoriais obtidos na variância total explicada,
utilizados como coeficientes de ponderação depois de ajustados de forma a sua
soma dar 100%, obteve-se uma média aritmética dos valores das variáveis
lactentes selecionadas, o Indicador Concelhio de Desenvolvimento Económico e
Social e, finalmente, elaborou-se o ranking
dos municípios portugueses.
As variáveis
socioeconómicas foram previamente agrupadas em condições materiais, condições sociais
e condições económicas, cada uma das quais englobando vários indicadores.
As condições
materiais subdividiram-se em 4 items:
-equipamentos
de comunicação (2010) que incluíram o número de habitantes por postos de correio,
o número de acessos telefónicos por 100 habitantes
-
equipamentos de saúde (2010)que incluíram o número de farmácias e de postos
farmacêuticos por 1000 habitantes; o número de hospitais; o número de centros
de saúde por 1000 habitantes; o número de extensões dos centros de saúde por
1000 habitantes;
-equipamentos
culturais (2010) que incluíram o número de museus, jardins zoológicos, jardins
botânicos e aquários por 1000 habitantes; o número de galerias de arte e de outros
espaços por 1000 habitantes; o número de recintos de espectáculos por 1000
habitantes;
-equipamentos
educativos (2009/10) que incluíram o número de estabelecimentos de ensino pré-escolar
por 1000 habitantes; o número de estabelecimentos do 1º ciclo por 1000
habitantes; o número de estabelecimentos do 2º ciclo por 1000 habitantes; o
número de estabelecimentos do 3º ciclo por 1000 habitantes; o número de estabelecimentos
do ensino secundário por 1000 habitantes.
As condições
sociais incluíram 6 items:
- ambiente, que
incluiu a despesa das câmaras municipais na gestão de resíduos; as despesas das
câmaras municipais na proteção da biodiversidade e da paisagem; a despesa das
câmaras municipais em outras atividades de proteção do ambiente;
-despesas
totais em cultura e desporto (2010, em milhares de €) dos municípios por
habitante; as despesas totais em jogos e desportos;
- educação
(09/10) que incluiu a taxa de pré-escolarização e a taxa de retenção e
desistência no ensino básico;
- população
(2010) que incluiu a taxa bruta de natalidade; a taxa bruta de mortalidade; o índice
de envelhecimento; o índice de potencialidade; o índice de longevidade;
- saúde
(2010) que incluiu o número de consultas médicas nos centros de saúde por
habitante; a taxa quinquenal de mortalidade infantil (2005-2009);o número de enfermeiros
por 1000 habitantes; o número de médicos por 1000 habitantes;
- segurança (2010)
que incluiu a taxa de crimes contra a integridade física; a taxa de furto de
veículos motorizados; a taxa de condução de veículos com taxa de álcool igual
ou superior a 1,2g/l; a taxa de condução sem habilitação legal; a taxa de crimes
contra o património.
Por último,
as condições económicas repartiram-se em 5 items:
- dinamismo económico
(2009) que incluiu: densidade das empresas; volume de negócios por empresa; diferencial
de consumo de energia elétrica na indústria por consumidor;
- mercado de
trabalho (2009) que incluiu o número médio de dias de subsídio de desemprego; o
número de trabalhadores por conta de outrem nos estabelecimentos;
- mercado de
habitação que incluiu o número de fogos licenciados pelas câmaras municipais em
construções novas para habitação familiar (2010); o número de contratos de
compra e venda de prédios por 1000 habitantes (2010); crédito hipotecário
concedido a pessoas singulares por habitante (€/hab) (2009);
-
rendimento/consumo que incluiu o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta
de outrem (2009); o índice de poder de compra per capita (2009); os levantamentos nacionais nas caixas multibanco
(€) (2010);
- turismo
(2010) que incluiu o número de estabelecimentos hoteleiros; a capacidade de alojamento
nos estabelecimentos hoteleiros por 1000 habitantes.
As grandes
cidades do país, tais como, Lisboa, Porto, Albufeira, Funchal, Coimbra e Faro
tiveram posicionamentos considerados esperados devido, principalmente, às suas
condições económicas:
1.Lisboa 128,635
pontos
2.Porto 90,726
3.Albufeira 84,482
4.Funchal 62,224
5.Coimbra 60,844
Sintra
quedou-se no 129º lugar com 34,729 pontos, e, atenção, com números de 2010,
sendo que a situação se agravou consideravelmente depois de 2011 com a
degradação das condições económico-sociais derivadas da intervenção da troika e da aplicação do memorando de
entendimento.
A taxa de desemprego
oficial é hoje de 13,5%, sendo pensionistas da Segurança Social 23,6% e beneficiários
do RMG e do RSI 7,4% (Fonte: Pordata e
INE (Censos 2011). Razões mais que preocupantes para que o combate ao
desemprego e a busca do crescimento sustentável serem prioritários nestes dias
de chumbo. Há que amainar o vendaval.
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