O pequeno lugar de Nafarros na ainda freguesia de S.Martinho, está por estes dias em festa, e, a talhe de foice, sugere uma reflexão sobre os erros urbanísticos que em pleno Parque Natural ali se cometeram.
Atrás dum "apelativo" projecto de arquitectura bioclimática com financiamento europeu, em 1994 ali se aprovou uma urbanização de mais de 90 moradias num perímetro onde em condições normais se não deveriam ter autorizado mais de uma dúzia. O canto da sereia do financiamento europeu e da suposta inovação triplicou a população local , sendo ensaiada uma solução de suposto condomínio, assim trazendo a pacata Nafarros do pão quente altas horas da noite e do cabrito do afamado Saraiva para uma espécie de Cacém enxertado em meio rural. Tudo com o beneplácito municipal e do Parque Natural de Sintra-Cascais.
Não obstante o discurso ambientalista do Parque e as restrições que a outros com voz de comando foram impostas, e sem que tal se tivesse traduzido num "fazer Cidade", ali foi implantado um dormitório sem que o comércio local fosse beneficiado, ou as infraestruturas melhoradas, não obstante ter na altura sido previsto o reperfilamento e melhoramento da estrada Nafarros-Galamares e outras contrapartidas que nunca vieram a ocorrer. Bem intencionados, os adquirentes de casa na novel Cidade-Jardim, apadrinhada por um certo engodo com o "bioclimático" acabaram comprando uma série de problemas que os promotores nunca resolveram, acabando por se bandear para outros territórios e novas "aventuras".
Este é um case study do mau urbanismo e de como uma roupagem moderna acaba trazendo os problemas de sempre. Fábulas dos anos noventa.
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