Em 1787,o milionário e dandy
inglês William Beckford, proscrito de Inglaterra por amores proíbidos
instalou-se em Portugal, tendo no seu Diário, publicado em 1954 dedicado
largas páginas aos episódios aqui vividos. Desde proscrito pelo embaixador
inglês Walpole,que o desprezava pelo seu passado promíscuo, até á amizade com
os marqueses de Marialva,que com ele quiseram casar uma filha(embora ele preferisse
o filho...)em clima byroniano podemos situar a presença do "louco
de Fonthill" em terras de D.Maria I, suas relações com D.Diogo,5º marquês
de Marialva e estribeiro-mor do Reino, as vilegiaturas no Ramalhão e em
Monserrate(onde viveu numa das três viagens a Portugal).
Autor de"The history of
the caliph Vatek",publicado em 1786,Beckford,pela sua vida diletante e
pecaminosa é daquelas figuras proscritas e amadas simultaneamente, pela
evocação da luxúria e excessos.
O pai fora duas vezes mayor
de Londres, e era um dos mais ricos homens de Inglaterra. Beckford, falante de
sete línguas, tivera uma educação esmerada, e não fora os amores pecaminosos
com William Courtenay (apesar de ter casado e tido duas filhas) e nunca teria
deixado a fechada sociedade inglesa, de onde esteve afastado durante mais de 10
anos, vários dos quais residiu em Portugal, e em Sintra em particular.
Beckford/Vatek foi pois um
pigmaleão mutante, dandy viajado, "o forasteiro rico", como entre nós
ficou conhecido, e que no passeio de dia 4 por S.Pedro não deixaremos de
evocar, como figura destacada num Portugal provinciano do pós terramoto nas
vésperas das invasões napoleónicas. Da sua passagem por Portugal deixou William
Beckford um rasto de amor proibido pelo então imberbe filho do Marquês de
Marialva, D.Diogo Vito, o jovem D.Pedro José Vito de Meneses Coutinho.
Tal filho, e 6º marquês de
Marialva e 8º de Cantanhede, seria cadete quando Beckford passeava pelo
Esponjeiro, e progrediu na sua carreira de cavalaria, sendo em 1801 coronel do
Regimento de Cavalaria de Mecklemburgo. Depois da invasão por Junot fez parte
da delegação enviada a França para cumprimentar Napoleão, e mais tarde, como
embaixador em Paris negociou o casamento de D.Pedro IV com a arquiduquesa Maria
Leopoldina. Morreu novo, solteiro e sem descendência.Vícios privados, públicas virtudes...
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